Vitória do governo style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> O presidente acaba de emplacar uma vitória significativa para seu governo ao eleger Arthur Lira como presidente da Câmara, às custas do governo liberar 504 milhões para investimento nos redutos eleitorais de seus apoiadores. Além disso, estão sendo distribuídos cargos em comissões e ministérios em "pagamento" à vitória eleitoral. Essa busca por constituir maioria através da distribuição de verbas e loteamento de postos políticos é parte dos elementos que constituem o "presidencialismo de coalizão". COALIZÃO VOLTOU O presidente, logo quando assumiu o governo, teve uma postura bastante austera com a Câmara e o Senado, além de não estabelecer negociações com muitos partidos, o que dificultou a governabilidade. Agora, visando construir maioria na Câmara e no Senado a fim de garantir governabilidade até o final do seu mandato, Bolsonaro se dobra ao jogo político tradicional, agindo na mesma lógica que os demais partidos que já assumiram o poder se aproximando do "centrão". Como toda parceria, ajuste e negociações deverão fazer parte da agenda presidencial a partir de agora. O governo vai precisar se abrir às demandas de outros partidos, o que certamente deve agradar ao centrão, visto que estamos indo para os anos finais de governo e a maioria esmagadora dos parlamentares já está visando sua reeleição, o que demanda visibilidade e recursos. CONFLITOS QUE SE AVIZINHAM Vários segmentos ligados ao grande empresariado brasileiro e o setor financeiro, tem demonstrado descontentamento com o governo devido ao não andamento de várias pautas ligadas à desoneração do Estado. A grande mídia paulistana e carioca, tradicionalmente alinhada a esses grupos, tem publicado inúmeros ataques ao governo desde o início deste ano, sempre pontuando o não andamento das pautas liberais. Com a articulação política que o governo está tomando, dificilmente veremos cortes nas contas públicas. Pelo contrário, certamente veremos mais gastos a fim de atender segmentos da população e angariar mais capital político. Com isso, conflitos entre segmentos econômicos e o governo se farão presentes pelos próximos dois anos, o que se soma a carência de um plano de vacinação confiável (lembrando que o primeiro prognóstico de distribuição de vacinas já não está sendo cumprido), a falta de um plano de recuperação econômico claro, que tem também desagradado o mercado. Enfim, os próximos dois anos serão de muito conflito político e de muita incerteza para a população.
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Liberais e conservadoresRogério Koff style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> A mídia que chama Bolsonaro de genocida oculta que países desenvolvidos como os poderosos Estados Unidos, França, Inglaterra, Espanha e Itália, se observarmos a proporcionalidade por milhões de habitantes, apresentam índices de mortalidade por Covid mais elevados do que o Brasil. Falta qualidade às análises jornalísticas da atualidade. É comum que jornalistas nada saibam de estatística ou matemática. Há muitos anos percebo desprezo dos estudantes por áreas como Filosofia ou Sociologia. Há honrosas exceções, mas jornalistas não sabem analisar política sem abandonar suas cegas ideologias. Agora a mídia fala de uma ruptura na direita e sobre uma suposta crise entre liberais e conservadores. O próprio termo "liberal" é discutível. Nos Estados Unidos, republicanos, à direita, e democratas, à esquerda, defendem a liberdade econômica e o capitalismo. A exceção são grupelhos radicais insignificantes que sequer participam de processos eleitorais. Lá, os democratas são identificados como liberais ou progressistas. Liberal é o nome que se dá à esquerda norte-americana. Defendem programas sociais e avanços referentes ao modo de vida das sociedades, enquanto republicanos são mais conservadores. Os célebres debates entre William Buckley Jr. (na foto) e Gore Vidal, transmitidos pela TV nos anos 1970, são um exemplo. Buckley defendia ideais conservadores. Vidal estava sempre à esquerda. Era, portanto, um liberal. No Brasil, há comunistas declarados, socialistas e outras viúvas do Muro de Berlim que ainda disputam eleições por seus partidos. Para estes, o termo "liberal" significa estar à direita e tem um sentido mais voltado à área da economia. Os liberais brasileiros são favoráveis às privatizações e à diminuição do tamanho do Estado. Mas vários conservadores também são. Em resumo, ser liberal nos Estados Unidos é diferente de ser liberal no Brasil. Quanto ao conservadorismo, necessitamos de mais apoio filosófico para defini-lo. Recomendo ler o pioneiro Edmund Burke (1729-1797) e outros autores mais atuais como Roger Scruton (1944-2020), Gertrude Himmelfarb (1922-2019) e Russel Kirk (1918-1994).
DISCUSSÃO RASA É muito simplória a tese midiática de que bolsonaristas são conservadores e que liberais são direitistas que agora estão se opondo ao governo federal. Há liberais na economia que são conservadores em costumes e tradições. Há conservadores nos costumes que são nacionalistas e contrários a privatizações. Conheço conservadores que não são bolsonaristas. Em resumo, o que o atual jornalismo chama de "direita" ou "onda conservadora" é algo impalpável porque não se enquadra em um único modelo. Já a esquerda obedece a um modelo de pensamento hegemônico vinculado à ideia de luta de classes e às teses esdrúxulas de mediocridades como Marx, Lênin ou Gramsci. Mesmo que o Muro de Berlim tenha sido derrubado há mais de trinta anos, estes continuam iludidos por ideologias baratas e pensando dentro de uma caixa. |